INTRODUÇÃO 2
Se na época em que o Orgel morreu, eu não fosse uma criança de apenas dez anos de idade, com certeza eu teria ido junto com minha aflita mãe ao CTG Osório Porto naquela fria madrugada de domingo 08 de Agosto de 1971 e juntos, teríamos livrado ele do suicídio. A mãe não foi àquela noite no baile, onde na ocasião o já falecido cantor José Mendes fazia um grande show e meu irmão era seu fã, porque ficou com medo de sair sozinha altas horas da noite. Segundo o que ela relatou mais tarde o único que poderia lhe acompanhar, seria o seu filho mais velho, meu irmão que na época, com vinte e três anos de idade, era chefe de uma gangue que batiam nas pessoas e que também tinham o costume de acabar com alguns bailes que saiam na vila onde morávamos, quando não simpatizavam com as caras de quem promoviam o evento. Mas infelizmente, meu irmão, como fazia quase todas as noites, não se encontrava em casa e que com certeza alguma coisa ruim estava aprontando em algum lugar, junto com a sua turma. Então só restou minha mãe caminhar de um lado para outro dentro de casa, rezando e pedindo a Deus, para que nenhum mal acontecesse ao meu irmão Orgel de apenas dezoito anos de idade. Mas o coração de uma mãe nunca se engana e ela sentia no ar, uma tragédia pois ficou muito impressionada com um sonho que tivera, semanas antes de meu irmão morrer, onde ela, o viu caído no pátio de casa, coberto de sangue. Porém a história não para só por aí e lembro-me perfeitamente que minha mãe insistiu para o meu irmão, o tal daquela turma diabólica, conhecida como a gangue do “Jesus Cristo,” pois meu irmão tinha a aparência de Jesus, ir até ao CTG para retirar o meu irmão daquele lugar e isso deveriam ser quase meia-noite e recordo que ele negou-se em atender o pedido tão frágil daquela doce mãe. E sabem por quê? Certo dia, numa discussão com a nossa mãe e num momento impensado de ira, ele desejou ver seu irmão morto, falando essas palavras enquanto estava lendo a Bíblia, fato esse que deixou nossa pobre mãe muito apavorada, pois não se deseja o mal a ninguém, principalmente quando se tem as Escrituras Sagradas em mãos. Mas O CASO ORGEL ainda tem muitos capítulos. O Orgel adorava o tradicionalismo e foi encontrado morto no salão de bailes, onde era o seu chão, o lazer entre ele e seus amigos. Mas talvez aquele ambiente fandangueiro, não era, na verdade, somente de diversão. O exército da morte já o observava todas as vezes que ele ia lá, o desejava e planejava um golpe para atacá-lo e ceifar-lhe a vida. E assim, numa alva fria de agosto, cinco horas da manhã, as potestades infernais receberam a ordem e permissão para o fim e então um disparo de arma de fogo, deu o seu grito assassino, no porão daquele centro de tradições, levando para a misteriosa eternidade, quem ainda não havia sido chamado. E o que dizer daquela pobre mãe, que com certeza jamais se perdoou, enquanto viveu, por ter sentido medo de sair naquela triste madrugada de chuva? Certamente a morte covarde, teria fugido ao ver no semblante daquela ansiosa mãe, um sentimento de ternura tão grande que se entregaria, se possível fosse, no lugar do filho amado. E assim, a narração aqui contada, seria outra.
Uma mancha que nunca se apagará. Uma dor que jamais terá alivio. Com este pensamento em meu pequenino coração de menino, cresci, mas sem poder, em nenhum momento de minha vida, esquecer a maneira de como o meu irmão Orgel, de um modo brusco, me foi roubado. Foi como se de repente eu não conseguisse mais respirar. E hoje na fase adulta, choro por aquele irmão que brincava muito comigo e que com seu carinho de irmão mais velho, gostava de me presentear. E lembrando todos os dias dele que foi embora sem me dar um tchau e um até breve e de como a minha família desmoronou, ainda sofro de um trauma psícoco que aquela morte me causou, necessitando sempre de um acompanhamento psiquiátrico. Por isso, ao escrever este livro, estou contando, como tudo aconteceu, proporcionando ao leitor uma viagem ao passado, quando eu, era o pequeno irmão-caçula de dez anos, com os mesmos pensamentos de uma criança pura, feliz e que ainda acreditava em historinhas infantis em que, no final, todos viviam felizes para sempre. Porém chegou um dia em que a narração mudava seu roteiro, causando-me um estremecimento, quando o destino me fez conhecer aquilo que os adultos chamavam de morte e o local onde habitam os que são levados por ela. E então, em tenra idade já havia descoberto o terror, o medo e que felicidade, na verdade, é apenas um conto, uma fábula que nunca existiu.
As palavras escritas aqui e que o leitor vai ler e o relato do acontecimento trágico, escritos no primeiro capítulo, busquei de um tempo já distante, de um pensamento infantil, de criança que eu era e de como encarei os fatos, a visão do desconhecido, bem diferente de gente grande. E no decorrer do livro, tento mostrar o que minha vida se transformaria à partir de então, a nossa frágil existência e a dependência que todos temos em acreditar na certeza de um Ser Supremo capaz de nos ajudar quando precisamos e que lá, na Plenitude de Vida, onde o Senhor habita e que os dias não são contados, como acontece em nosso tempo na Terra que é medido, existe um Grande Poder e tudo o que temos a fazer é clamar pela única ajuda verdadeira (Salmos 120.1).
E se você se conduz fácil com textos profundos e eternos, certamente vai entender a leitura desta obra, pois quem já não sofreu por um ente-querido que partiu?
Com carinho, o escritor!
Fato acontecido na cidade de Passo Fundo, no sul do Brasil.
Esse livro esta sendo publicado para todos os países do mundo com tradução simultânea.
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